Insuficiência Renal em Cães: Entenda tudo sobre essa doença que pode afetar os pets

Cao da raça beagle idoso com sua dona em casa.

A insuficiência renal pode representar um grande risco na vida dos pets. A doença pode se apresentar na forma aguda e crônica e diversas são as causas que podem desencadear o problema. Portanto, é importante que médico veterinário e proprietário estejam preparados para poder proporcionar o suporte mais adequado ao pet acometido.

Algumas pessoas confundem a forma aguda da doença (insuficiência renal aguda) com a forma crônica (doença renal crônica), já que ambas afetam o mesmo órgão – os rins. Neste texto iremos explicar as principais diferenças entre elas e outros detalhes importantes sobre quadros agudos e crônicos de insuficiência renal.


O que é insuficiência renal em cães e como a doença ocorre?

A insuficiência renal em cães pode se apresentar na forma aguda ou crônica. A doença é caracterizada pela lesão dos néfrons – unidades morfofuncionais dos rins (células renais). Geralmente os animais só apresentam sinais clínicos após ocorrer a perda de 75% da função renal.

Os animais de companhia como cães e gatos tendem a apresentar problemas renais com maior frequência do que os humanos e outros animais. Diversos são os motivos pelos quais isso ocorre, porém, vale destacar que os cães possuem uma quantidade significativamente menor de néfrons do que os humanos e grandes animais, como equinos e bovinos. 

Já para os gatos o cenário é um pouco mais complicado, já que os felinos possuem praticamente 50% de néfrons a menos do que os cães, representando um grupo de risco ainda maior para o desenvolvimento de nefropatias.

Cão idoso marrom no parque.
Fonte: Shutterstock

Entendendo melhor a diferença entre quadros agudos e crônicos

Enquanto a insuficiência renal aguda ocorre de forma repentina, como o próprio nome indica, a doença renal crônica ocorre de forma progressiva. Cada uma irá depender de um tratamento específico, sendo imprescindível o diagnóstico correto e devido acompanhamento da evolução do paciente acometido.

Ambos os quadros causam distúrbios de filtração glomerular e obstrução de túbulos renais. Com isso, ocorre o aumento de toxinas metabólicas no organismo. A grande diferença entre as duas está no tempo em que todo o processo ocorre – sendo que quadros agudos tendem a ser mais agressivos.

Embora sejam doenças distintas, é importante lembrar que um animal com doença renal crônica (DRC) pode ter um quadro de agudização, mesmo que a afecção primária seja a doença renal crônica. 

Já um animal com insuficiência renal aguda pode se tornar um doente renal crônico. Dificilmente um quadro primário agudo será totalmente revertido, portanto geralmente os animais que sobrevivem tornam-se doentes renais crônicos, mesmo que em estágios mais iniciais.

Fatores de risco e principais causas da insuficiência renal aguda em cães

Como já vimos anteriormente, a insuficiência renal em cães na sua forma aguda, também conhecida como IRA ou lesão renal aguda, é representada pela perda repentina de uma grande quantidade de células dos rins. 

A doença possui alta taxa de mortalidade e geralmente o prognóstico é reservado a desfavorável. Porém, quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores serão as chances de proporcionar um tratamento mais adequado e portanto efetivo.

As principais causas que podem desencadear o surgimento desta grave afecção envolvem:

  • Quadros de intoxicação por medicamentos: Pode ocorrer por exemplo pelo uso de anestésicos, quimioterápicos e outros fármacos com potencial nefrotóxico, como antifúngicos, analgésicos e outros que sejam capazes de causar lesão renal aguda.
  • Intoxicações por agentes diversos: Pode ocorrer pela ingestão de metais pesados, como o chumbo, ou ainda outras substâncias nefrotóxicas.
  • Infecções: Infecções renais como a pielonefrite, glomerulonefrite e leptospirose podem desencadear a perda aguda da função renal.

Animais com algum histórico das possibilidades listadas acima podem representar um risco elevado de desenvolvimento de lesão renal aguda.

Por se tratar de um quadro agudo, o animal geralmente apresenta sinais clínicos evidentes rapidamente, o que possibilita que o proprietário busque ajuda médica com maior agilidade. Quanto mais cedo for diagnosticado, melhor. 

Quando o tratamento apresenta bons resultados, geralmente o pet se torna um doente renal crônico, mas isso não o impede de levar uma vida com qualidade e alegria junto à sua família, desde que tenha o acompanhamento adequado!

Cachorro de raça grande bege deitado em sua cama.
Fonte: Shutterstock

Principais aspectos e fatores de risco da doença renal crônica nos cães

A doença renal crônica ocorre de forma gradativa, podendo levar meses ou anos para evoluir para estágios mais graves. Neste caso, há uma dificuldade maior pois como sabemos, os animais tendem a apresentar algum sinal clínico apenas quando já ocorreu a perda de 75% da função renal.

As principais causas que podem desencadear o surgimento da DRC envolvem:

  • Animais de idade avançada (geralmente acima de 8 anos de idade, à depender da raça, porte e outras características).
  • Doenças preexistentes, como endocrinopatias.
  • Alimentação inadequada: é importante que o animal receba uma dieta recomendada pelo médico veterinário, de acordo com suas necessidades.
  • Indivíduos com histórico de tratamentos a longo prazo com fármacos nefrotóxicos.
  • Animais com IRA (insuficiência renal aguda), que podem obter sucesso no tratamento inicial e posteriormente tornam-se doentes crônicos.

Como a doença é progressiva, esse estágio demora a chegar. Sendo assim, a melhor forma para um diagnóstico precoce de doença renal crônica é a realização de exames de rotina capazes de avaliar minuciosamente a função renal. 

Assim, caso o pet desenvolva a doença, será diagnosticado em estágios iniciais, possibilitando iniciar o tratamento o quanto antes e consequentemente aumentando a longevidade e qualidade de vida do pet!

É importante ressaltar ainda que animais com doença renal crônica podem apresentar em alguns momentos quadros de agudização da DRC. Nestes casos, mesmo os animais que há tempos apresentam um quadro estável e sem sinais clínicos, podem apresentar sinais clínicos repentinos, necessitando de suporte veterinário imediato, envolvendo internação para um tratamento mais intensivo na maior parte dos casos.

Quais sinais clínicos o animal com insuficiência renal aguda ou crônica pode apresentar?

Embora os sinais clínicos possam ser inespecíficos, alguns são frequentemente presentes nos animais acometidos, como:

  • Anorexia ou hiporexia: Quando em anorexia os animais recusam 100% a alimentação, enquanto nos quadros de hiporexia ficam por tempo prolongado sem se alimentar e quando  ingerem o alimento, a quantidade é menor do que a necessidade calórica ideal.
  • Poliúria e polidipsia: a polidipsia é representada pelo aumento no consumo de água. Animais com doenças renais tendem a ter um grau moderado a severo de desidratação e portanto sentem maior necessidade de consumo de água. Já a poliúria é caracterizada pelo aumento na liberação de urina. Ambos estão intimamente relacionados, pois se trata de um mecanismo compensatório.
  • Êmese e náuseas: em virtude do acúmulo de metabólitos no organismo, o animal geralmente apresenta náusea e episódios de êmese (vômito). Este é um dos principais motivos pelos quais os animais deixam de se alimentar quando doentes.
  • Desidratação: como citado acima, o grau de desidratação nestes animais tende a ser bastante elevado.
  • Sinais neurológicos: os animais acometidos podem ainda apresentar sinais neurológicos, que também são causados pelo acúmulo de toxinas no organismo.
  • Lesões ulcerativas em cavidade oral: O aumento de metabólitos pode ainda causar o surgimento de lesões ulcerativas (úlceras) na parte interna da boca dos animais.

Diversos outros sinais clínicos podem ser identificados nestes animais, como hipertensão arterial, letargia, halitose (hálito urêmico – facilmente identificado na consulta veterinária), entre outros.

A insuficiência renal em cães tem cura?

Tanto a insuficiência renal aguda como a doença renal crônica não possuem tratamento curativo, ou seja, 100% eficaz para combater a doença. Porém, mediante o tratamento adequado e quanto mais cedo diagnosticado, melhor o prognóstico!

Para um diagnóstico preciso serão necessários exames que avaliem a função renal, sendo essencial solicitar também exames que avaliem a perda precoce da função dos órgãos. Por exemplo, a creatinina é o exame bioquímico mais utilizado, porém, ela só irá apresentar índices elevados quando houver 75% de perda renal. 

Ou seja, é um marcador tardio, que é muito útil, mas deve ser sempre solicitado em conjunto com outros exames. Para uma avaliação minuciosa dos órgãos, além da creatinina, poderão ser solicitados urinálise com relação PU/CU (relação proteína-creatinina), SDMA e aferição de pressão arterial.

Para médicos veterinários: confira as diretrizes da IRIS (International Renal Interest Society),  sobre o manejo de doença renal crônica e insuficiência renal aguda.


No caso da IRA, o tratamento terá como objetivo tirar o animal do quadro agudo e preservar a sua vida. Estes animais irão precisar de acompanhamento intensivo como uma internação.

Já o objetivo do tratamento da doença renal crônica visa desacelerar a progressão da doença e evitar que o pet entre em quadros de agudização da DRC. Quando estão estáveis, o tratamento é realizado em casa, com o uso de medicações contínuas além de reidratação (fluidoterapia com a frequência recomendada pelo veterinário e aumento da ingestão de água), ajustes na dieta e etc. 

Nos dias atuais, estratégias mais avançadas como a hemodiálise já estão disponíveis para tratamento de lesões renais, permitindo tornar a medicina veterinária cada vez mais avançada.


Além do tratamento, o paciente deverá ser acompanhado para novas avaliações e realização de novos exames, garantindo assim que o mesmo esteja melhor assistido e evitando a piora repentina e precoce do quadro.

Pontos-chave do tratamento para cães com insuficiência renal

Alguns pontos são essenciais para o tratamento de insuficiência renal em cães, como:

  • Um diagnóstico ágil, que poderá fazer grande diferença no sucesso do tratamento.
  • Reidratação do paciente. 
  • Controle de dor.
  • Controle de náuseas.
  • Controle de pressão arterial.
  • Acompanhamento da evolução do quadro, através da realização de novos exames sempre que necessário.
  • Posterior adequação de manejos, como nutricional, hídrico e etc.

Para finalizar, vale lembrar que o pet acometido deve ser acompanhado de perto por um profissional qualificado, permitindo assim uma melhor assistência e proporcionando melhor qualidade de vida e longevidade ao pet.

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