Assim como os seres humanos, os animais também podem desenvolver diversas doenças, como por exemplo as relacionadas com o coração e sistema cardiovascular.
As doenças cardíacas nos humanos estão muito relacionadas ao estilo de vida e alimentação, além de outros fatores. Nos animais as causas e formas de apresentação tendem a ser diferentes, porém, assim como nos humanos, quanto mais cedo for diagnosticado, melhor!
A insuficiência cardíaca congestiva (também conhecida pelos veterinários como ICC), é uma condição complexa e potencialmente fatal que afeta cães de todas as idades e raças. É uma das principais causas de morbidade e mortalidade em animais de estimação, gerando preocupação significativa para os proprietários e desafios clínicos para os veterinários.
Este texto se propõe a fornecer uma visão mais abrangente sobre a insuficiência cardíaca congestiva em cães, abordando desde os mecanismos fisiopatológicos, para que se entenda melhor como ocorre a doença nos cães, até as opções de tratamento e manejo do pet cardiopata. Continue a leitura e confira!
O que é insuficiência cardíaca congestiva em cães?
A insuficiência cardíaca congestiva é ocasionada por doenças cardíacas e extra cardíacas que afetam a dinâmica de funcionamento do coração. Com isso, são ativados mecanismos compensatórios, como por exemplo o sistema renina-angiotensina-aldosterona. A ativação destes mecanismos leva a efeitos deletérios, como o remodelamento das câmaras cardíacas, edema pulmonar e muitos outros.
Insuficiência cardíaca congestiva e insuficiência cardíaca são a mesma coisa?
A resposta é: NÃO!
Na insuficiência cardíaca o bombeamento cardíaco é afetado, mas ainda há um equilíbrio no funcionamento do órgão. Conforme o problema evolui, ocorre o aumento dos mecanismos compensatórios que, a longo prazo, podem não ser suficientes para manter o funcionamento do sistema cardíaco em equilíbrio, podendo, portanto, evoluir para um quadro congestivo (insuficiência cardíaca congestiva).
Quais as possíveis consequências?
A insuficiência cardíaca em cães é mais comum do lado esquerdo (ICCE), mas pode também acometer o lado direito (ICCD), ou ainda ambos os lados.
Dentre as possíveis consequências do problema, que representam um nível elevado de gravidade para a saúde do pet estão:
- Dificuldade respiratória.
- Edema pulmonar.
- Acúmulo de líquido livre em cavidade torácica e/ou abdominal (como a efusão pleural ou a ascite, por exemplo).
- Edema periférico (membros inchados).
- Cianose (língua e mucosas com coloração azulada/roxa, devido ao baixo aporte de oxigênio).
- Morte (alguns casos podem evoluir para o óbito do animal).
Principais sinais de insuficiência cardíaca nos cães
Como já foi possível perceber, a doença pode representar um grave risco para a saúde do seu pet. Mas você já se perguntou como é possível identificar se o seu cãozinho pode ter algum problema cardíaco?
Embora muitos dos sinais clínicos não sejam exclusivos de insuficiência cardíaca e apenas exames sejam capazes de realmente diagnosticar essa e outras doenças, há alguns indícios que o tutor pode observar em casa e que eventualmente possam representar a possibilidade de existir algum problema cardíaco no seu pet. Alguns deles são:
- Cansaço fácil ao passear ou brincar.
- Dificuldade respiratória ou respiração com movimentos abdominais, com esforço.
- Língua roxa ou azulada.
- Desmaios (síncope).
- Aumento de volume em região abdominal.
- E outros.
Como saber se meu cão tem insuficiência cardíaca?
A melhor forma de saber se o seu cãozinho está com a saúde em dia é realizando checkups periódicos. Embora cada veterinário tenha uma conduta de orientação, a frequência média para a realização de exames gerais e cardiológicos de checkup é de:
- A cada 1 ou 2 anos para animais jovens e saudáveis, à depender da orientação do profissional que acompanha o pet.
- A cada 6 meses ou 1 ano para animais idosos ou que tenham alguma doença cardíaca já diagnosticada. O prazo também será definido pelo veterinário que acompanha o pet.
Além disso, sempre que o animal for passar por procedimento anestésico, seja para realizar uma cirurgia ou até mesmo um exame que necessite de sedação, será recomendado que o mesmo faça exames de avaliação cardiológica, para que o procedimento seja realizado sob maior segurança.
Além da prevenção, é essencial que o tutor leve seu animal para consulta com o médico veterinário sempre que notar algum indício de que possa ter algo de errado com sua saúde. Desta forma, será possível diagnosticar o problema o quanto antes, tornando muitas vezes o tratamento mais eficaz.
Os exames mais utilizados na medicina veterinária atualmente para avaliação cardíaca são:
- Eletrocardiograma: que avalia a função elétrica do coração, como o ritmo e frequência de batimentos, sendo possível identificar alterações como arritmias.
- Ecodopplercardiograma ou Ecocardiograma: que avalia a função mecânica do coração, sendo possível avaliar as estruturas do órgão, permitindo por exemplo diagnosticar refluxo sanguíneo. O exame é considerado padrão outro para diagnostico de insuficiência cardíaca e insuficiência cardíaca congestiva.
Existe tratamento?
O tratamento para insuficiência cardíaca congestiva visa tirar o animal do quadro agudo, sendo muitas vezes necessário internar o animal para um melhor suporte. Após estabilizado, será passado tratamento para casa, podendo contemplar o uso de diferentes fármacos, a critério do que foi avaliado e definido pelo médico veterinário.
É importante que os animais cardiopatas façam acompanhamento com o médico veterinário cardiologista, para que receba assim um suporte e acompanhamento especializado.
Como vimos, a medicina veterinária vai muito além do que imaginamos, não é mesmo?