Embora mais frequente nos cães, a infecção urinária também pode acometer os felinos, podendo representar um importante sinal de alerta para a saúde do gato!
As infecções podem ter diversas origens e causas, sendo mais comuns em pets de idade mais avançada, embora possa acometer todo e qualquer felino. Um diagnóstico precoce favorece o prognóstico, promovendo maior bem-estar para o animal.
O que é a infecção urinária felina?
Caracterizada pela inflamação da vesícula urinária (bexiga), a infecção urinária felina pode ter diferentes origens, como a presença de cálculos (urolitíase), problemas relacionados a queda de imunidade e muitos outros, que favorecem a proliferação bacteriana (sendo mais comum), ou até mesmo fúngica (menos comum).
Por que o problema ocorre?
A cistite bacteriana ou fúngica não é comum em felinos. O que os acomete com uma frequência bem maior é a cistite idiopática, que possui caráter comportamental e ocorre sem a presença de agentes patogênicos.
A infecção urinária com a presença de agentes patogênicos tende a acometer mais os cães em comparação aos gatos, em virtude de características comportamentais, fisiológicas e anatômicas, que favorecem para que os gatos não adquiram tão facilmente infecções urinárias. Essas características envolvem:
- O pH da urina do gato é bastante diferente em relação ao cão, tornando o ambiente da vesícula urinária desfavorável para a proliferação de microrganismos. Porém, quando esse ambiente é afetado por algum motivo, como a alteração do pH, o felino pode adquirir a infecção.
- A uretra dos gatos são geralmente mais finas em comparação ao cão e, no caso dos machos, a uretra ainda é mais longa quando comparado às fêmeas, o que também favorece para que a chegada de microrganismos até a bexiga seja mais difícil.
- Os gatos (principalmente os que vivem dentro de suas casas) tendem a urinar apenas em suas caixas de areia. Quando a higiene do local é realizada corretamente e o substrato utilizado (areia) é de tipo adequado, o animal tende a não ter tanto contato com ambientes com maior índice de contaminação, como chão, quintal, jardim e etc.
Como citado acima, algumas doenças primárias podem desencadear ou favorecer o surgimento de infecção urinária nos gatos, como por exemplo em quadros de:
- Cálculos renais e na bexiga (urolitíase).
- Doença renal crônica.
- Endocrinopatias.
- Quadros de imunossupressão.
- Quadros de subnutrição ou alimentação inadequada.
Quais sinais o gato com infecção urinária pode apresentar?
As doenças que afetam o trato urinário dos felinos tendem a apresentar sinais clínicos semelhantes e muitas vezes inespecíficos, sendo mais comuns:
- Urinar com maior frequência e em quantidade menor.
- Urinar em locais diferentes do habitual (como fora da caixa de areia).
- Entrar na caixa de areia algumas vezes e sair sem fazer xixi.
- Vocalizar ao tentar urinar.
- Redução de apetite.
- Entre outros.
Diagnosticando a infecção urinária felina
O diagnóstico da infecção urinária será iniciado ainda na consulta com o médico veterinário. Após uma série de questionamentos para levantar detalhes importantes sobre a vida do pet, o profissional irá solicitar exames fundamentais para o diagnóstico da doença. Os principais exames incluem:
- Ultrassom abdominal: o paciente com inflamação da bexiga tende a apresentar alterações como o espessamento da parede do órgão, que ocorre como uma reação ao processo inflamatório. O exame ultrassonográfico ainda será capaz de evidenciar a presença de sedimentos na bexiga e outras alterações que possam estar acontecendo naquele momento.
- Exame de urina (urinálise): A urinálise do tipo I e do tipo II devem ser solicitadas quando há a suspeita de que possa ter a presença de agentes infecciosos. Isso pois a urinálise do tipo I poderá mostrar alterações como mudanças no pH e densidade da urina, possível presença de cristais, quantidade de bactérias e sangue no material, entre outros detalhes. Já a urinálise de tipo II (solicitada como urocultura com antibiograma), irá mostrar ao veterinário qual agente está presente naquela infecção. Além disso, o exame de urocultura e antibiograma ainda poderá trazer a importante informação sobre o grau de resistência da bactéria presente na infecção, facilitando a recomendação de tratamento do pet.
- Exames de sangue: O hemograma é um exame fácil e rápido para realizar e também traz importantes informações, como o indício de processos inflamatórios e infecciosos, além de fornecer um panorama sobre o estado de imunidade do pet. Análises bioquímicas (renais e hepáticas) também são bem-vindas, já que poderão trazer informações sobre o estado geral de saúde do pet, podendo inclusive influenciar na escolha dos medicamentos utilizados para o tratamento.
Estes são os exames mais comuns solicitados, porém, em alguns casos o profissional poderá ainda pedir por outros exames caso julgue necessário. O diagnóstico correto será essencial para o tratamento!
Como tratar o gato: saiba o que fazer em casos de infecção urinária
Uma vez identificado que o problema não trata-se apenas de cistite intersticial (sem a presença de agentes infecciosos), mas sim de uma infecção provavelmente bacteriana, o veterinário irá recomendar um tratamento específico para o caso do paciente, que possivelmente irá envolver:
- Uso de antibióticos: deverá ser escolhido sempre com cautela, adequando tempo, dose e frequência, visando evitar o problema de resistência bacteriana – que hoje é uma grande preocupação na saúde humana e veterinária!
- Uso de antiinflamatórios: Geralmente o uso de anti-inflamatórios não esteroidais podem ser recomendados. A escolha do medicamento e dose utilizada será feita de acordo com o estado geral do paciente, já que alguns fármacos podem sobrecarregar os rins, causar problemas gástricos e etc.
- Dieta: O veterinário deverá adequar a dieta do pet caso esteja com deficiências nutricionais.
- Nutracêuticos: Diversas substâncias conhecidas como nutracêuticas são usadas na medicina humana e veterinária. No caso de infecções urinárias, alguns profissionais podem recomendar o uso de substâncias como a cranberry, que possui potencial de inibição de crescimento bacteriano. O profissional irá avaliar cada caso e caso recomendado deverá avaliar o melhor protocolo para o pet (escolha da melhor forma de apresentação, definir se a medicação será manipulada ou comprada pronta, definir dose e frequência).
Outros tratamentos poderão ser definidos caso o profissional julgue necessário. É importante também que o tutor do pet realize os retornos de acompanhamento até que o problema seja resolvido.