A cardiomiopatia dilatada em cães trata-se de uma cardiopatia crônica e progressiva, com grau moderado de gravidade, uma vez que pode causar diversas alterações hemodinâmicas. Algumas raças de cães podem apresentar maior predisposição para o desenvolvimento da doença. Além disso, como em diversas outras doenças, um diagnóstico precoce se faz extremamente importante para que o tratamento tenha um maior índice de sucesso.
Saiba quais são os principais sinais clínicos apresentados pelo pet, as possíveis formas de tratamento e a importância do acompanhamento de rotina com o médico veterinário!
O que é a cardiomiopatia dilatada em cães?
A cardiomiopatia dilatada em cães é causada pelo aumento das câmaras cardíacas inferiores (ventrículos) e o enfraquecimento do músculo, que por sua vez não consegue realizar a função sistólica com eficácia em virtude da dificuldade na contração ventricular. Sem a contração adequada do músculo, ocorre uma grave alteração hemodinâmica. A enfermidade costuma afetar o lado esquerdo com maior frequência, podendo ou não haver o envolvimento do ventrículo direito.
Quais animais são mais predispostos?
Embora a doença possa afetar qualquer indivíduo e não tenha uma causa específica para o seu surgimento, ela acomete em maior proporção animais de raças grandes e gigantes, como por exemplo:
- Doberman.
- Dogue alemão.
- Fila Brasileiro.
- Cane Corso.
- Terra Nova.
- São Bernardo.
- Boxer.
- E outras.
Além das raças predispostas, há outros grupos que podem apresentar maior risco, como animais acima de 5 anos de idade e machos. Fatores genéticos, fibrilação atrial, deficiência nutricional (principalmente por baixos índices de L-carnitina e Taurina), fatores tóxicos (por exemplo pelo uso do fármaco doxorrubicina) e distúrbios metabólicos (como o hipotireoidismo e hiperadrenocorticismo) também podem ter alguma relação com a doença.
Principais sinais clínicos apresentados por cães com cardiomiopatia dilatada
É extremamente importante lembrar que a cardiomiopatia dilatada em cães pode não causar o surgimento de sinais clínicos no início da doença.
Dentre os principais sinais apresentados pelo animal com cardiomiopatia dilatada estão:
- Dificuldade respiratória (dispneia).
- Respiração acelerada (taquipneia).
- Tosse (em virtude do aumento do músculo cardíaco).
- Cansaço fácil / intolerância ao exercício.
- Desmaios (síncope).
- Distensão abdominal.
- Emagrecimento progressivo.
- Entre outros.
Além dos sinais clínicos, que podem ser percebidos pelo proprietário do animal, a cardiomiopatia dilatada em cães também pode causar alterações que são identificadas através de exames complementares e avaliação do médico veterinário, como taquiarritmias supraventriculares, taquiarritmias ventriculares e ICC (insuficiência cardíaca congestiva). As alterações favorecem a diminuição do débito cardíaco e portanto comprometem o bom funcionamento do organismo do animal, podendo ter uma evolução bastante desfavorável, como a morte súbita.
Cardiomiopatia dilatada em cães: Entenda as etapas do diagnóstico
As etapas de diagnóstico da doença iniciam dentro do consultório veterinário, através de uma minuciosa anamnese feita pelo clínico geral ou cardiologista. A partir disso, o profissional irá solicitar os exames necessários para definição dos próximos passos.
Para diagnóstico definitivo podem ser utilizados um conjunto de exames complementares, de acordo com a necessidade de cada paciente. Dentre os principais, estão:
- Ecocardiograma: é o exame mais utilizado e possibilita avaliar a estrutura cardíaca, como por exemplo o movimento das valvas, bombeamento do músculo e fluxo sanguíneo.
- Eletrocardiograma ou Holter: avaliam a função elétrica do coração. Ambos possuem funcionamento semelhante, com o diferencial de que o Holter realiza a análise por 24 horas, tendo um espaço maior para uma avaliação minuciosa do órgão. O Holter por sua vez pode ser mais restrito em algumas cidades ou pouco recomendado para animais muito agitados, que podem retirar o equipamento antes do previsto e comprometer o resultado do exame.
- Raio-X: a radiografia de tórax e abdômen também poderá ser útil, já que o exame possibilita visualizar uma possível cardiomegalia (aumento do coração) e presença de líquido livre em cavidades (como efusão pleural e ascite).
A importância dos exames complementares
A cardiomiopatia dilatada em cães pode ser silenciosa, principalmente no início. Portanto, a realização de exames complementares se faz essencial para um diagnóstico mais preciso e preferencialmente precoce.
Os exames também são importantes para animais já diagnosticados, uma vez que será possível avaliar a evolução do caso, principalmente se tratando de uma doença progressiva. O acompanhamento é feito através de exames de controle, de acordo com a frequência solicitada pelo médico veterinário. Com o controle da evolução da doença, será possível ajustar as doses dos medicamentos e protocolo proposto sempre que necessário.
Tratamento de cardiomiopatia dilatada em cães
Através do diagnóstico correto e preferencialmente precoce, o médico veterinário poderá optar por uma conduta mais adequada para cada caso.
Os diuréticos estão entre os principais fármacos usados para o tratamento, mas outros grupos de fármacos podem ser usados dependendo da situação, como os digitálicos e inotrópicos positivos. Porém, vale lembrar que a doença não tem cura! O tratamento visa proporcionar maior sobrevida e qualidade de vida ao animal. O prognóstico irá depender de diversos fatores e será avaliado individualmente.
Outros pontos relevantes para manter a saúde do pet em dia
Assim como a cardiomiopatia dilatada, outras doenças cardiovasculares e de outros sistemas podem afetar os pets. Por este motivo, além de proporcionar os devidos cuidados e tratamentos para os pacientes acometidos, é importante prezar pela prevenção!
A inclusão de exames cardiológicos como o ecocardiograma na avaliação de rotina dos pets é fortemente recomendada visando o diagnóstico precoce desta e de outras doenças. O ideal é que os exames de rotina sejam realizados ao menos uma vez por ano em animais saudáveis e jovens, ou com maior frequência caso o paciente necessite. O médico veterinário poderá recomendar a melhor frequência e exames necessários para cada caso.
Além das consultas de rotina, onde também serão dadas diversas recomendações de manejo visando proporcionar mais saúde ao pet, também é recomendado que o proprietário siga atentamente as recomendações de dieta e fique atento para quaisquer alterações comportamentais que possam significar que algo não vai bem. Neste caso, o proprietário deverá providenciar atendimento veterinário para o pet o quanto antes.