Diversas doenças podem acometer os pets, mas quando falamos em cardiopatias, a endocardiose em cães é um problema bastante frequente nas clínicas veterinárias. É importante que o proprietário saiba como prevenir e cuidar do seu pet, proporcionando assim maior qualidade de vida.
O que é a endocardiose em cães?
Também conhecida como doença valvar degenerativa, a endocardiose é uma afecção que afeta o funcionamento normal das valvas cardíacas, sendo a cardiopatia crônica de maior ocorrência nos cães. A afecção acomete geralmente a valva atrioventricular mitral (esquerda) e pode ser congênita ou adquirida, sendo mais comum a forma adquirida, onde os animais desenvolvem a endocardiose ao longo dos anos.
Quais animais podem ser acometidos?
A endocardiose em cães causa a degeneração da mitral, podendo causar nódulos ou espessamento em sua estrutura, com isso, o fluxo sanguíneo é prejudicado, uma vez que a valva não consegue fechar adequadamente. Assim, ocorre o retorno do sangue, que irá causar consequências hemodinâmicas como veremos adiante.
Embora todos os cães possam adquirir a doença, há alguns fatores que podem predispor o surgimento da endocardiose nos cães, como:
- Raças pequenas como Poodle, Dachshund, Pinscher, Cavalier King Charles Spaniel e outras podem ter maior predisposição ou ainda apresentar o problema de forma precoce.
- Cães de idade avançada (principalmente a partir dos 6 ou 7 anos de idade, mas sendo mais diagnosticada em animais com mais de 10 anos).
- Machos podem ter o risco aumentado na aquisição da doença em até uma vez e meia.
Sinais clínicos que representam um sinal de alerta
A principal queixa dos proprietários é a tosse frequente, que nos cães está intimamente relacionada a problemas cardíacos – diferente dos gatos, que geralmente tem a tosse relacionada a problemas respiratórios.
A presença de tosse nesses casos está ligada ao aumento do átrio esquerdo, que consequentemente comprime o brônquio principal esquerdo e ativa os receptores de tosse presentes na região da traquéia. Com isso, ocorre o que chamamos de reflexo tussígeno.
Em casos mais graves, o processo de insuficiência cardíaca pode comprometer ainda mais a saúde do pet, como por exemplo quando ocorre a congestão e aumento da pressão pulmonar (insuficiência cardíaca congestiva), podendo evoluir para edema pulmonar.
Outros sinais clínicos que podem estar presentes nos casos de endocardiose em cães:
- cansaço ou intolerância ao exercício físico: animais que ficam exaustos além do normal após passeios curtos, brincadeiras e outras atividades rotineiras.
- Dificuldade respiratória: a dispnéia pode ocorrer de forma mais grave nos quadros onde o animal já apresenta alterações pulmonares.
- Síncope (desmaios): os animais podem apresentar quadro de síncope ou em casos mais graves até mesmo a morte súbita.
O diagnóstico precoce é essencial para a saúde do pet
O diagnóstico pode ser realizado através do ecocardiograma, que irá avaliar as estruturas do músculo cardíaco e suas respectivas funções, como o fechamento adequado das valvas, direção do fluxo sanguíneo e outros pontos relevantes para realizar um diagnóstico assertivo da endocardiose em cães.
O ecocardiograma ou ecodopplercardiograma é um exame semelhante a um ultrassom, ou seja, utiliza ondas e frequências para obter as imagens do coração, permitindo assim a sua avaliação estrutural.
Geralmente os pets toleram bem o exame e é possível realizá-lo com o animal acordado, não sendo necessária sedação. Porém, pacientes com quadro de dificuldade respiratória devem ser minuciosamente avaliados e estabilizados antes da realização deste e de outros exames ou contenção física, pois o estresse pode piorar o quadro, podendo até mesmo levar o animal ao óbito.
A consulta com o médico veterinário também é uma etapa muito importante para o diagnóstico da endocardiose, pois é neste momento que o profissional irá unir diversas informações relevantes do histórico do paciente, tornando sua anamnese um ponto-chave para o levantamento de possíveis suspeitas e então viabilizar o fechamento do diagnóstico.
Tratamento para endocardiose em cães
Para a realização do tratamento de endocardiose em cães é importante que o médico veterinário consiga estadiar a doença. O estadiamento permite identificar o grau de acometimento e então direcionar o tratamento mais adequado ao paciente.
O estadiamento é dividido em 4 estágios e 2 subestágios, que consiste em identificar se a endocardiose mitral está classificada em:
- Estágio A: Estágio inicial onde não há alteração estrutural no músculo cardíaco ou sinais clínicos, mas já existe o risco de desenvolvimento ou agravamento da doença.
- Estágio B: É subdividido em estágio B1 e B2. Neste caso, já pode haver uma alteração estrutural, mesmo que discreta.
- B1: Animal assintomático (sem presença de sinais clínicos), sem remodelamento ou com remodelamento discreto de câmaras cardíacas.
- B2: O pet ainda não apresenta sinais clínicos, mas já é possível notar um aumento da estrutura cardíaca.
- Estágio C: Nesse estágio o cão irá apresentar manifestações clínicas, como a tosse, intolerância ao exercício, entre outros. Já é considerado um estágio moderado a avançado da doença.
- Estágio D: Estágio terminal, no qual o paciente geralmente já não responde bem ao tratamento proposto.
O tratamento consiste na administração de fármacos como os inotrópicos positivos e outros, tendo como objetivo favorecer o fluxo sanguíneo e consequentemente o bom funcionamento do músculo cardíaco, devendo ser obrigatoriamente definido e prescrito por um médico veterinário. O estadiamento é essencial para identificar se o paciente necessita ou não de tratamento medicamentoso.
Endocardiose em cães: É possível evitar a doença?
A doença é facilmente diagnosticada através do conjunto entre consulta veterinária e realização de exames complementares. Sendo assim, a melhor forma de prevenção é a visita rotineira ao médico veterinário. As consultas de rotina são realizadas anualmente ou de acordo com o solicitado pelo veterinário responsável pelo caso.
O ecocardiograma é um importante exame quando o assunto é endocardiose em cães e também para outras afecções, devendo fazer parte da avaliação de rotina dos animais, principalmente para os que estão no grupo de risco para o desenvolvimento da doença.
Além disso, os animais devem ter uma dieta adequada e sempre orientada ou supervisionada por um médico veterinário, visando manter a saúde do animal em dia.
Desta forma, a endocardiose em cães poderá ser prevenida e diagnosticada precocemente, possibilitando um tratamento mais eficaz quando identificada, garantindo assim uma maior sobrevida e proporcionando mais qualidade de vida ao pet!
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