Diversas doenças são consideradas zoonoses – ou seja, podem ser transmitidas entre os seres humanos e os animais. Algumas delas possuem um potencial de gravidade mais elevado, representando uma preocupação ainda maior pensando na saúde dos animais e também da sociedade! A febre maculosa está entre as doenças de caráter zoonótico que necessitam de uma atenção redobrada e que podem representar graves riscos para a população.
Neste artigo iremos falar um pouco sobre a febre maculosa, para que você consiga entender um pouco mais sobre como a doença ocorre, quais cuidados devem ser tomados para evitar a transmissão e também se existe tratamento para quem adquire a doença. Confira!
O que é febre maculosa?
A febre maculosa é uma grave doença bacteriana de caráter sistêmico (ou seja, que atinge diversos sistemas do organismo). A bactéria presente na infecção é do gênero Rickettsia e é transmitida aos mamíferos de diferentes espécies (inclusive seres humanos), através da picada de carrapatos infectados.
Por que a doença é tão grave?
Quando infectado, o indivíduo doente possivelmente irá desenvolver quadros de febre, geralmente por tempo prolongado e que não se resolve por completo com o uso de fármacos utilizados para quadros de febre. Outros sinais clínicos inespecíficos podem aparecer nos animais, assim como outros sintomas também podem aparecer nos seres humanos.
Quando identificada rapidamente, a doença pode ser tratada com o uso de antibióticos específicos, sendo geralmente efetivo. Porém, a doença possui uma velocidade muito rápida de evolução. Portanto, caso não seja identificada e tratada rapidamente, poderá trazer graves consequências ao indivíduo acometido, sendo capaz de levá-lo à morte em poucos dias.
A doença é ainda considerada endêmica em algumas regiões do Brasil. Ou seja, em determinadas cidades e estados pode ocorrer com maior frequência.
Recentemente o estado de São Paulo apresentou alguns casos de óbito causados por febre maculosa no interior do estado, sendo emitido pelo governo um alerta sobre a doença. No estado, regiões como Campinas, Piracicaba, Assis e Sorocaba, além de outras, são consideradas áreas endêmicas.
Entendendo o ciclo da febre maculosa
A febre maculosa é transmitida pela picada do carrapato Amblyoma cajennense, conhecido também como carrapato estrela. Outras espécies de carrapatos também podem transmitir a doença.
Entre os diversos hospedeiros que podem ter o sangue infectado pela bactéria estão os seres humanos, cães, gatos, capivaras, roedores, gambás, primatas, bovinos, suínos, cavalos, entre outros.
Áreas de mata geralmente tem uma presença maior de carrapatos. Portanto, são consideradas áreas de maior risco para adquirir a doença.
O carrapato é um ectoparasita (parasita externo) que vive no ambiente e as fêmeas sobem em seus hospedeiros para se alimentar de sangue (hematofagia) e então poder dar continuidade ao ciclo, desenvolvendo seus ovos. Os carrapatos são responsáveis pela possível transmissão de diversas doenças e não somente a febre maculosa.
Para que haja a infecção de uma doença transmitida por carrapato, basta que um único carrapato infectado pique o hospedeiro, que poderá desenvolver a doença dias ou semanas depois da picada. Portanto, quando a ajuda médica ou do médico veterinário são buscadas, é importante que a pessoa relate ao profissional o histórico passado, inclusive dos meses anteriores, de possíveis passeios ou momentos em que áreas de risco foram frequentadas, como sítios, fazendas, praças e etc. Além disso, é importante dizer ao profissional se o seu animal recebe cuidados preventivos contra estes ectoparasitas e, se sim, qual a forma de prevenção e de quanto em quanto tempo o protocolo é repetido.
Todo carrapato transmite febre maculosa?
Entre as diversas espécies capazes de transmitir a doença, provavelmente a infecção ocorrerá através da fêmea do carrapato, já que como dito anteriormente, é ela quem tem o hábito de hematofagia – que é necessário para o desenvolvimento de seus ovos.
Principais sintomas da doença nos seres humanos
Quando afetados, os seres humanos podem apresentar sintomas diversos, nem sempre relacionados a essa doença em específico. Portanto, é recomendado que se busque ajuda médica mesmo quando surgirem sintomas leves, já que a doença pode ter uma evolução rápida.
Os principais sintomas apresentados por seres humanos com febre maculosa podem envolver:
- Febre alta e persistente.
- Dor de cabeça (cefaléia).
- Dor no corpo.
- Dor na região dos olhos.
- Náuseas (enjôos) e vômitos.
- Diarreia.
- Prostração, mal-estar e apatia.
- Dores abdominais.
- Perda de apetite.
- Confusão mental.
- Inchaço na região das pernas e dos pés.
- Pele e mucosas amareladas (icterícia).
- Aumento do tamanho do baço (esplenomegalia). Essa alteração pode ser identificada por exemplo através de um exame ultrassonográfico.
- Lesões de pele semelhantes a erupções cutâneas avermelhadas, com irritação, além de possíveis pequenos sangramentos. Geralmente essas lesões são localizadas em regiões como sola dos pés e palma das mãos.
Além dos sintomas apresentados pelas pessoas, a doença pode apresentar graves complicações, como danos ao fígado, aos rins e outros órgãos. A febre maculosa também pode gerar um quadro de encefalite e septicemia. Portanto, a ajuda médica deve ser buscada o quanto antes!
Como evitar o contágio?
A prevenção de febre maculosa se baseia praticamente em dois grandes pilares: o autocuidado e o controle ambiental de infestação por carrapatos.
O autocuidado pode e deve ser realizado de diferentes formas, como:
- Utilizar calças compridas e calçados de cano alto ao frequentar áreas consideradas de risco.
- Quando em áreas de risco, inspecionar o corpo de hora em hora ou sempre que possível para verificar se há a presença de algum carrapato pelo corpo – mesmo que em áreas menos expostas, já que o carrapato pode caminhar pelo corpo da pessoa.
- Não retirar carrapatos de animais de estimação sem utilizar proteção nas mãos, já que o carrapato pode picar o ser humano quando em contato direto com a pele.
- Buscar ajuda médica rapidamente caso apresente algum sintoma suspeito.
- Entre outros.
Já o controle ambiental para evitar a proliferação e infestação por carrapatos pode e deve ser realizado através de atitudes como:
- Realizar controle de carrapatos no animal com os produtos e frequência recomendados por um médico veterinário – mesmo em áreas que não sejam endêmicas da doença, já que existe a possibilidade de ocorrência em toda e qualquer área.
- Inspecionar a pele e pelos do pet com frequência, para identificar possíveis ectoparasitas.
- Levar o pet em consultas veterinárias de rotina pelo menos uma vez ao ano, visando manter a saúde do animal em dia e também para receber as devidas recomendações do médico veterinário.