Atualmente a presença de pets não convencionais é bastante presente nos lares brasileiros. Além disso, o mercado pet está em constante crescimento e cada vez mais as pessoas pensam em adquirir novos pets, o que inclui os coelhos.
Por se tratar de uma espécie totalmente diferente de um cão ou de um gato, por exemplo, os coelhos demandam de cuidados diferenciados e adequados para a sua espécie. Portanto, se você é tutor de coelho ou pensa em ter um, é importante conhecer um pouco mais sobre as principais características e como fazer de forma adequada uma alimentação de coelho. Confira!
Por que a alimentação de coelhos é fundamental para a saúde dos animais?
Diferente do que muita gente pensa, os coelhos não são roedores! Os coelhos fazem parte da classe dos lagomorfos, sendo que uma das principais diferenças entre os roedores e os lagomorfos é a dentição.
Os coelhos possuem quatro dentes incisivos superiores, enquanto os roedores possuem apenas dois. Além disso, os lagomorfos (coelhos) possuem crescimento contínuo em todos os dentes, enquanto nos roedores isso não ocorre para todos, mas sim apenas para algumas espécies.
Principais problemas em coelhos relacionados a erros de manejo alimentar
A maior parte dos problemas de saúde nos pets não convencionais está relacionada a erros de manejo, principalmente o nutricional. Portanto, se você tem um coelho pet, é extremamente importante conhecer mais sobre o assunto.
1. Hipercrescimento dentário
Os coelhos possuem crescimento contínuo de todos os dentes – o que favorece o hipercrescimento caso o desgaste natural seja ineficaz.
A alimentação adequada, tendo como base de sua composição o feno, se faz necessária para fornecer o desgaste natural dos dentes. A ração e demais alimentos oferecidos não promovem o desgaste dos dentes, por mais que em alguns momentos o animal emita “sons” e “movimentos” que possam passar a falsa impressão de que o tipo de alimento favorece a mastigação e o desgaste.
O hipercrescimento pode ocorrer em alguns ou em todos os dentes e em diferentes graus, sendo um dos mais graves o descimento conhecido como “crescimento em ponte”, onde os dentes pré molares e molares (localizados ao fundo da cavidade oral) crescem inclinados para a direção da língua, formando uma “ponte” e mantendo a língua “presa”, impossibilitando a sua movimentação. Nesses casos, o animal pode ficar totalmente sem conseguir se alimentar e com muita dor, o que gera um prognóstico bastante reservado – devendo ser rapidamente levado a um médico veterinário especializado em animais silvestres para tratar o problema o quanto antes.
Devido ao quadro de dor e impossibilidade de se alimentar causados por hipercrescimento dentário, o animal poderá ainda apresentar quadros secundários, como a estase gastrointestinal, que será visto no tópico a seguir.
2. Estase gastrointestinal
A estase gastrointestinal é causada em virtude da diminuição da motilidade gastrointestinal (redução dos movimentos fisiológicos que ocorrem nos órgãos que fazem parte do sistema gastrointestinal), podendo ser acompanhada por acúmulo de gás em região de ceco e outras partes do intestino. O problema não é primário, mas sim secundário a diferentes possibilidades, como por exemplo quadros de estresse, dieta inadequada, hipercrescimento dentário, quadros de dor e etc. Ou seja, qualquer episódio que gere algum grau de estresse no animal pode evoluir para um quadro de estase.
O quadro gera muita dor nos animais, sendo considerado um caso de urgência e muitas vezes até emergência – já que muitos coelhos podem morrer em virtude de um quadro de estase.
O tratamento resume-se a uma hidratação intensiva feita de forma intravenosa por equipe veterinária especializada e controle da dor com a associação de diferentes tipos de analgésicos e também outros fármacos, como os pró-cinéticos, que favorecem o trânsito gastrointestinal. Outras estratégias podem ser adotadas de acordo com cada caso.
3. Timpanismo
O timpanismo é caracterizado pelo acúmulo de uma grande quantidade de gases intestinais. Nos coelhos o problema pode ocorrer devido a diferentes causas, sendo uma das principais o manejo alimentar inadequado. Por exemplo, uma dieta pobre em fibras e rica em carboidratos pode gerar um quadro de timpanismo, devido a alteração da microbiota intestinal (por exemplo, quem oferece cenoura, ração de baixa qualidade e outros alimentos ricos em carboidratos). O problema também gera muita dor, devendo ser rapidamente tratado.
Como oferecer uma alimentação adequada para o coelho pet?
A alimentação de coelhos deve ser composta por uma grande quantidade de fibras. Resumidamente, a recomendação é que o feno seja a base da alimentação do pet – ou seja, o feno será a maior quantidade de alimento que o pet deverá ingerir.
Com isso, resume-se que a dieta diária ideal para um coelho pet pode ser composta em média por:
- 70% de feno (os pets geralmente preferem fenos mais verdinhos, com aspecto de fresco);
- 15% de folhas escuras frescas e higienizadas (como rúcula, escarola, agrião, couve). *Couve com cautela, em poucas quantidades ou dias alternados;
- 15% de ração de marca super premium, que oferece um aporte nutricional equilibrado.
- Água limpa e fresca à vontade.
É importante que o tutor do pet não apenas disponibilize o alimento, mas fique atento ao comportamento do pet, pois tem animais que são mais seletivos, dando preferência para a ração por exemplo, e deixando o feno de lado. Desta forma, alguns tutores podem achar que o pet está tendo uma alimentação adequada, quando na verdade não está!
Outros cuidados essenciais com coelhos
Assim como em outras espécies, a melhor forma de evitar problemas de saúde é levando o pet para uma consulta de rotina. Para coelhos saudáveis, o ideal é que o pet visite o médico veterinário especializado em animais silvestres a cada 6 meses.